As 14 razões pelas quais os Sateré-Mawé pretenderam e conseguiram a Denominação de Origem para o verdadeiro guaraná nativo, o Waraná da Terra Indígena Andirá-Marau:
1) O guaraná comestível, como espécie botânica, nunca teria existido sem os Sateré-Mawé.
2) A palavra "guaraná", nunca teria existido sem os Sateré-Mawé.
3) As terras altas dos Sateré-Mawé são o berço do guaraná.
4) Os Sateré-Mawé, ao longo dos séculos, foram salvaguardando, mantendo e construindo as condições ambientais únicas, a paisagem ecológica única em que o guaraná nativo apareceu e as Mães do guaraná podem sobreviver.
5) Os Sateré-Mawé, na terra ancestral deles, foram os inventores das técnicas de domesticação do guaraná, e guardam técnicas tradicionais de cultivo próprias que não foram assimiladas pelos não indigenas..
6) Os Sateré-Mawé, na terra ancestral deles, foram inventores das técnicas básicas de beneficiamento do guaraná, e guardam niveis de aprimoramento ritualizados dessas técnicas que, em termos gerais, são negligenciados pelos não indígenas.
7) Os Sateré-Mawé, na terra ancestral deles, foram inventores da tecnologia de beneficiamento que ainda é a mais eficaz na conservação do guaraná em ambiente doméstico: o pão de guaraná defumado.
8) Os Sateré-Mawé, na terra ancestral deles, construíram culturalmente as modalidades de consumo do guaraná que em termos de terapia social continuam sendo as mais eficazes.
9) Os Sateré-Mawé, saindo da terra ancestral deles, foram os primeiros a comercializar o guaraná, e hoje continuam desbravando novos mercados e abrindo caminhos rumo a novas formas de consumo para o guaraná brasileiro.
10) As terras ancestrais dos índios Sateré-Mawé têm renome pela qualidade organoléptica especifica e excelente do guaraná nelas produzido, desde pelo menos dois séculos, e o produto delas continua sendo produto de nicho.
11) O fabrico do Pão de Waraná é totalmente autárquico: todo insumo necessário, todo instrumento para realizar a verdadeira Arte do fabrico do Pão de Waraná é biológico, oriundo de um conjunto único de espécies vegetais abundantes na nossa terra: dom da natureza para nosso território, e herança do manejo da floresta de nossos antepassados ao qual nós vamos dando continuidade para nossos filhos e netos.
12) A moldura e defumação a regra de arte dos Pães de Waraná Sateré-Mawé não são somente fruto da Arte esculpida nas pedras do antigo Nusoken e que nunca abandonamos: nossas Terras Altas nos presenteiam águas de nascentes limpas que nos permite não utilizar no fabrico a água tratada; e junto vem à água do ar: invernos muito úmidos, que nos permitem realizar nos fumeiros a mistura certa de fumaça e vapor: eis os segredos que não podem ser roubado que fazem nossos pães brilhantes, compactos, indiferentes ao passar do tempo, e cheios de aromas.
13) O Waraná cultivado pelos Sateré-Mawé na própria terra dele, num contexto de floresteria análoga, é irmão do guaraná nativo, por isso o totum do fruto da planta mantém todas as qualidades próprias da semente nativa.
14) Os Sateré-Mawé são os guardiões do patrimônio genético do guarana, e sem sua conservação in situ por parte deles na terra ancestral deles, sem a defesa do território contra toda contaminação e desequilibrio ambiental que eles praticam custe o que custar, a planta nativa estaria destinada a desaparecer rapidamente.
Matéria no site oficial do Instituto Nacional de Propriedade Industrial: